terça-feira, 28 de abril de 2009


A noite veio, mãe!
e quando a porta se abriu,
já mudadas as coisas,
adiante a vida ia.
Da vidraça, então, eu vi
entre os reflexos do fogo que ardia,
minhas palavras, meus segredos,
minhas dores e delícias...
tudo se queimando,
soprando cinzas ao crepitar das chamas!
Você leu, mãe, mas não me viu,
muito menos ouviu meu coração
tão apertado ele estava, mãe!
Você nunca me falou das flores,
não me mostrou escolhas,
nem me apontou a estrada.
Quando tomei um rumo,
não me olhou pela janela.
E quando,
já mudada a vida
e adiante as coisas iam...
também você se foi!
Difícil, para você, o Amor,
difícil o Amor para mim...
Hoje já é o seu amanhã,
vejo seu rosto na janela agora
entre cinzas, segredos e palavras,
que o vento insiste em açoitar...
palavras minhas, mãe,
que sussurro como prece ao seu silêncio!

Olívia Ventura


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